CENA 1: Leonardo acelera o máximo que
pode para atravessar a tempo o vão móvel e acredita que vai conseguir
atravessar. Matheus aproxima o carro de Flávio que dirige do seu carro roubado
por Leonardo e busca alertá-lo.
-Para esse carro, cara! Se entrega! Não
vai dar tempo de passar no vão!
-Tu tá é querendo que eu me entregue de
bandeja pros homens, mas eu não vou! Eu vou passar por essa merda!
Leonardo, com mais raiva ainda, acelera
até o carro alcançar a velocidade máxima, mas quando ele chega ao vão móvel,
ele já subiu demais e o carro de Matheus, com Leonardo a dirigir, despenca até
cair na lagoa. Matheus e os policiais, já com os carros parados, saltam dos
respectivos carros. Todos os outros motoristas assistem à cena curiosos e
aterrorizados.
-Fim de linha, desgraçado! - grita
Matheus.
Um dos policiais fica atento a olhar
para baixo.
-Parece mesmo que esse daí já era. Vai
virar comida de peixe!
-E o meu carro também... mas, vão se os
anéis, ficam os dedos. O que importa é que esse infeliz não vai mais perturbar
a vida de ninguém. Acabou! - fala Matheus, aliviado. CORTA A CENA.
CENA 2: A ambulância chega para
socorrer Miguel, que está quase a perder a consciência. Miguel é colocado na
ambulância.
-Eu vou com ele! - avisa Flávio.
-A gente segue a ambulância, viu
Sandra? - fala Valdir.
-E o Matheus? Pra que ele foi se meter
naquela loucura de perseguição, meu Deus? Como é que eu fico nisso? -
desespera-se Fabiano, sendo amparado por Helena.
-Como é que a gente vai embora daqui
pra acompanhar o Miguel? O Matheus acabou pegando o carro do Flávio... - fala
Sandra.
-Vocês podem vir comigo. Vai ser
apertado, mas é uma opção. - fala André.
O celular de André toca.
-Alô? Fale, investigador Saldanha! O
que? Como é que é? Sério isso? Não, pode deixar... está certo, eu aviso o
pessoal. Vocês estão voltando pra cá? Não, porque a gente tá indo acompanhar a
ambulância que acabou de chegar, o Miguel foi gravemente ferido... melhor irem
todos direto pra lá. Então tá feito. Cumprimente o Matheus pela coragem!
Abraço!
André desliga o telefone.
-Pessoal, o Leonardo sofreu um acidente
no vão móvel da ponte que liga Porto Alegre a Guaíba e despencou com o carro do
Matheus de lá de cima. Matheus e minha equipe estão indo direto pro hospital!
Ernestina começa a chorar, sendo
consolada pelo marido.
-Não fica assim, amor...
-Fico sim. Fico é aliviada, porque pelo
menos desse jeito o Leonardo não vai poder mais fazer mal nenhum pra ninguém.
-Mas ainda serão feitas buscas ali pelo
local, porque não podemos dar como certo que ele tenha morrido na queda. O
carro caiu na água e ele pode ter escapado. Se tiver escapado e souber nadar,
ele vai ser capturado... se não souber nadar, bem... o corpo pode ser
localizado ou desaparecer. De qualquer maneira as buscas precisam ser feitas. -
esclarece André.
-Bem, a ambulância com o Miguel já tá
pra sair, vamos nos apressando... - fala Fabiano. CORTA A CENA.
CENA 3: Fernanda e Pâmela estão
brincando com as filhas enquanto Otília e Breno oram. O telefone da casa toca e
Otília atende.
-Alô?
-Oi, mãe.
-Oi, filha! Alguma novidade?
-Sim, mãe... O sequestro deles acabou!
-Graças a Deus! Mas por que então tu tá
com essa voz de preocupada ainda?
-Porque o Miguel levou um tiro e tá
sendo levado pela ambulância pro hospital agora. O Flávio tá com ele...
-Meu Deus... que horror! E o
sequestrador, foi preso?
-Não, mãe... roubou o carro do Matheus
e se atirou da ponte que liga Porto Alegre a Guaíba quando o vão móvel estava
sendo elevado...
-Ele morreu?
-Não sabemos, mãe. Mas o André disse
que uma equipe de buscas já foi encaminhada ao local exato do acidente.
-Nossa, que horror, minha filha!
-Desculpa estar ligando pra senhora pra
dar essas notícias, mas precisava te contar o que aconteceu.
-Não precisa pedir desculpas, minha
querida. Fizeste o certo. Tanto eu quanto o Breno e as gurias vamos querer
prestar solidariedade ao Flávio e mentalizar coisas boas pro Miguel nesse
momento. Fiquem com Deus!
Otília desliga o telefone e vai até
Fernanda e Pâmela, com pesar, comunicar dos fatos.
-Meninas... precisamos ser fortes. O
sequestro acabou, mas o Miguel foi ferido com gravidade. Vamos todos ao
hospital.
Todos se abraçam, apreensivos. CORTA A
CENA.
CENA 4: A noite passa e o dia amanhece.
Flávio, Sônia, Bernardo, Daniela, Valdir, Sandra, Otília, Breno, Fernanda e
Pâmela acompanhadas de Francisca, Murilo e das filhas, ainda aguardam a
resposta do médico sobre o estado de saúde de Miguel. Doutor Otacílio aparece e
Flávio, ansioso, já começa perguntando.
-E então, doutor Otacílio? O Miguel vai
se salvar?
-Calmem. Ainda é muito cedo para
confirmarmos se ele vai sobreviver, mas ele está evoluindo bem e talvez nas
próximas vinte e quatro horas já fique fora de perigo. De qualquer forma, não é
prudente que ele seja retirado da UTI nesse momento, mas tudo indica que a
evolução do caso dele está satisfatória e ele, por ser jovem e saudável, tem
muito mais chances de sair dessa.
Sandra respira aliviada. Valdir e ela
se abraçam.
-Podemos ver nosso filho? - pergunta
Sandra.
-Podem sim, mas cada um por vez. Como o
estado dele ainda é grave, não é interessante que ele entre em contato com
muitas pessoas ao mesmo tempo, para que não corra o risco de pegar infecções
bacterianas ou mesmo passar por fortes emoções nesse momento, afinal de contas,
ele acabou de passar por uma cirurgia delicada no coração. - esclarece doutor
Otacílio.
Sandra percebe que Flávio está muito
ansioso.
-Flávio... tu não quer ir antes da
gente falar com ele?
-Não, dona Sandra... que isso! Vai tu
que é mãe dele...
Bernardo, acompanhado de Daniela,
Gabriel e Antonella, estimula sua mãe.
-Vai, mãe! Vai ser bom pro mano!
-Se Deus quiser tudo vai acabar bem...
- fala Otília. Fernanda, Pâmela, Sônia, Bernardo, Daniela, Valdir, Flávio e
Sônia se abraçam. CORTA A CENA.
CENA 5: Rômulo e Lucas estão a tomar o
café da manhã quando o telefone de Lucas toca. É Flávio.
-Fala, Flávio! E aí, alguma novidade?
-Na verdade, sim. Desculpa não ter
ligado antes pra avisar, mas é que foi tudo muito intenso... o sequestro acabou
ontem. Vocês não viram nada na TV?
-Não... o Rõmulo nessa obsessão de
terminar de escrever o livro de uma vez não gosta de se distrair com a TV e a
gente tem passado direto ouvindo música... mas me conta, Flávio... como foi que
acabou? O Leonardo tá preso?
-Não tá preso. Na verdade ele
provavelmente tá morto.
-Como é que é?
-Ele se atirou da ponte do rio Guaíba!
De carro e tudo!
-Carro? De quem?
-Do Matheus. Bem, mas isso não é
tudo... o Miguel levou um tiro no peito e tá se recuperando de uma cirurgia
delicadíssima e demorada no coração... preferi contar isso pra ti antes porque
sei como o Rômulo é amigo do Miguel e sei que tu pode contar pra ele isso com
mais jeitinho, até porque eu tou acabado com tudo isso...
-Nossa... pode deixar que eu aviso sim
e a gente vai praí. Beijo, Flávio.
-Beijo, Lucas.
Lucas chega a Rômulo com uma expressão
triste.
-Fala, amor! Como é que acabou tudo?
-O Miguel levou um tiro...
Rômulo se desespera e é amparado por
Lucas. CORTA A CENA.
CENA 6: Pouco tempo depois, Flávio
consegue ir ver Miguel no quarto de UTI.
-Que susto que tu nos deu, hein Miguel?
-De novo... - brinca Miguel, ainda
bastante fraco.
-Nem me fala... mas tu superou da outra
vez, vai superar dessa também, meu amor...
-É, mas da outra vez eu não tinha
levado uma bala atravessada no peito, né?
-A tua mãe já... te contou de tudo o
que aconteceu?
-Não contou, amor. Mas eu lembro de
quase tudo antes de perder a consciência. O Leonardo fugiu com o carro do
Matheus, não foi?
-Foi. Mas não foi só isso, Miguel.
-Não?
-Não temos certeza porque precisamos
esperar até amanhã pela manhã, mas é muito provável que o Leonardo tenha
morrido de verdade dessa vez.
-Como?
-Ele sofreu um acidente. Na realidade,
suspeito de que ele tenha cometido suicídio ao ver que não teria como escapar
da polícia. O vão móvel da ponte Getúlio Vargas estava elevando pra passagem de
um navio e ele despencou da ponte com o carro...
-Meu Deus! Não quero parecer vingativo,
mas espero que dessa vez ele tenha morrido mesmo...
-Eu também, meu amor... eu também. Bem,
vou te deixar descansar porque o médico disse que não podemos ficar muito perto
de ti ainda... te amo.
-Também te amo. CORTA A CENA.
CENA 7: Flávio, Sônia, Fernanda e
Pâmela, junto com as filhas, Francisca e Murilo, finalmente voltam para casa.
-Pelo menos agora a gente vai poder ter
um pouco de paz pra deitar a cabeça no travesseiro... - fala Fernanda.
-Nem me fala, maninha... cheguei a
pensar o pior tantas vezes! Não quero que vocês pensem que tou sendo
insensível, mas se o Leonardo realmente tiver morrido, vou ficar é aliviado!
-Todos nós vamos, meu filho... - fala
Sandra.
-Bem, não sei quanto a vocês, mas eu
tou morta de sono e as crianças parecem estar também. Vamos dormir, porque hoje
pelo menos vamos ter um pouco de paz! - fala Pâmela.
Todos sobem para dormir. CORTA A CENA.
CENA 8: A noite passa e o dia amanhece.
André está se preparando para mais um dia de trabalho antes que Ernestina e
Veridiana se acordem. Toma um cafézinho quando ouve o telefone tocar e corre
para atendê-lo.
-Alô? Bom dia, investigador Saldanha!
Alguma novidade?
-Não encontramos nada além do carro nas
nossas buscas. Tudo indica que a chance de sobrevivência de um ser humano, numa
queda daquela altura, colidindo diretamente na água, é quase nula, de acordo
com as informações que colhemos.
-Sim, mas onde você quer chegar?
-Levando em conta que já se excedeu o
tempo limite para buscas dessa natureza, creio que não tenhamos outra
alternativa, a não ser admitir que o foragido em questão...
-Está morto, não é isso?
-Exatamente. FIM DO CAPÍTULO 105.
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