quarta-feira, 10 de setembro de 2014

CAPÍTULO 105 - ÚLTIMA SEMANA




         CENA 1: Leonardo acelera o máximo que pode para atravessar a tempo o vão móvel e acredita que vai conseguir atravessar. Matheus aproxima o carro de Flávio que dirige do seu carro roubado por Leonardo e busca alertá-lo.
         -Para esse carro, cara! Se entrega! Não vai dar tempo de passar no vão!
         -Tu tá é querendo que eu me entregue de bandeja pros homens, mas eu não vou! Eu vou passar por essa merda!
         Leonardo, com mais raiva ainda, acelera até o carro alcançar a velocidade máxima, mas quando ele chega ao vão móvel, ele já subiu demais e o carro de Matheus, com Leonardo a dirigir, despenca até cair na lagoa. Matheus e os policiais, já com os carros parados, saltam dos respectivos carros. Todos os outros motoristas assistem à cena curiosos e aterrorizados.
         -Fim de linha, desgraçado! - grita Matheus.
         Um dos policiais fica atento a olhar para baixo.
         -Parece mesmo que esse daí já era. Vai virar comida de peixe!
         -E o meu carro também... mas, vão se os anéis, ficam os dedos. O que importa é que esse infeliz não vai mais perturbar a vida de ninguém. Acabou! - fala Matheus, aliviado. CORTA A CENA.

         CENA 2: A ambulância chega para socorrer Miguel, que está quase a perder a consciência. Miguel é colocado na ambulância.
         -Eu vou com ele! - avisa Flávio.
         -A gente segue a ambulância, viu Sandra? - fala Valdir.
         -E o Matheus? Pra que ele foi se meter naquela loucura de perseguição, meu Deus? Como é que eu fico nisso? - desespera-se Fabiano, sendo amparado por Helena.
         -Como é que a gente vai embora daqui pra acompanhar o Miguel? O Matheus acabou pegando o carro do Flávio... - fala Sandra.
         -Vocês podem vir comigo. Vai ser apertado, mas é uma opção. - fala André.
         O celular de André toca.
         -Alô? Fale, investigador Saldanha! O que? Como é que é? Sério isso? Não, pode deixar... está certo, eu aviso o pessoal. Vocês estão voltando pra cá? Não, porque a gente tá indo acompanhar a ambulância que acabou de chegar, o Miguel foi gravemente ferido... melhor irem todos direto pra lá. Então tá feito. Cumprimente o Matheus pela coragem! Abraço!
         André desliga o telefone.
         -Pessoal, o Leonardo sofreu um acidente no vão móvel da ponte que liga Porto Alegre a Guaíba e despencou com o carro do Matheus de lá de cima. Matheus e minha equipe estão indo direto pro hospital!
         Ernestina começa a chorar, sendo consolada pelo marido.
         -Não fica assim, amor...
         -Fico sim. Fico é aliviada, porque pelo menos desse jeito o Leonardo não vai poder mais fazer mal nenhum pra ninguém.
         -Mas ainda serão feitas buscas ali pelo local, porque não podemos dar como certo que ele tenha morrido na queda. O carro caiu na água e ele pode ter escapado. Se tiver escapado e souber nadar, ele vai ser capturado... se não souber nadar, bem... o corpo pode ser localizado ou desaparecer. De qualquer maneira as buscas precisam ser feitas. - esclarece André.
         -Bem, a ambulância com o Miguel já tá pra sair, vamos nos apressando... - fala Fabiano. CORTA A CENA.

         CENA 3: Fernanda e Pâmela estão brincando com as filhas enquanto Otília e Breno oram. O telefone da casa toca e Otília atende.
         -Alô?
         -Oi, mãe.
         -Oi, filha! Alguma novidade?
         -Sim, mãe... O sequestro deles acabou!
         -Graças a Deus! Mas por que então tu tá com essa voz de preocupada ainda?
         -Porque o Miguel levou um tiro e tá sendo levado pela ambulância pro hospital agora. O Flávio tá com ele...
         -Meu Deus... que horror! E o sequestrador, foi preso?
         -Não, mãe... roubou o carro do Matheus e se atirou da ponte que liga Porto Alegre a Guaíba quando o vão móvel estava sendo elevado...
         -Ele morreu?
         -Não sabemos, mãe. Mas o André disse que uma equipe de buscas já foi encaminhada ao local exato do acidente.
         -Nossa, que horror, minha filha!
         -Desculpa estar ligando pra senhora pra dar essas notícias, mas precisava te contar o que aconteceu.
         -Não precisa pedir desculpas, minha querida. Fizeste o certo. Tanto eu quanto o Breno e as gurias vamos querer prestar solidariedade ao Flávio e mentalizar coisas boas pro Miguel nesse momento. Fiquem com Deus!
         Otília desliga o telefone e vai até Fernanda e Pâmela, com pesar, comunicar dos fatos.
         -Meninas... precisamos ser fortes. O sequestro acabou, mas o Miguel foi ferido com gravidade. Vamos todos ao hospital.
         Todos se abraçam, apreensivos. CORTA A CENA.

         CENA 4: A noite passa e o dia amanhece. Flávio, Sônia, Bernardo, Daniela, Valdir, Sandra, Otília, Breno, Fernanda e Pâmela acompanhadas de Francisca, Murilo e das filhas, ainda aguardam a resposta do médico sobre o estado de saúde de Miguel. Doutor Otacílio aparece e Flávio, ansioso, já começa perguntando.
         -E então, doutor Otacílio? O Miguel vai se salvar?
         -Calmem. Ainda é muito cedo para confirmarmos se ele vai sobreviver, mas ele está evoluindo bem e talvez nas próximas vinte e quatro horas já fique fora de perigo. De qualquer forma, não é prudente que ele seja retirado da UTI nesse momento, mas tudo indica que a evolução do caso dele está satisfatória e ele, por ser jovem e saudável, tem muito mais chances de sair dessa.
         Sandra respira aliviada. Valdir e ela se abraçam.
         -Podemos ver nosso filho? - pergunta Sandra.
         -Podem sim, mas cada um por vez. Como o estado dele ainda é grave, não é interessante que ele entre em contato com muitas pessoas ao mesmo tempo, para que não corra o risco de pegar infecções bacterianas ou mesmo passar por fortes emoções nesse momento, afinal de contas, ele acabou de passar por uma cirurgia delicada no coração. - esclarece doutor Otacílio.
         Sandra percebe que Flávio está muito ansioso.
         -Flávio... tu não quer ir antes da gente falar com ele?
         -Não, dona Sandra... que isso! Vai tu que é mãe dele...
         Bernardo, acompanhado de Daniela, Gabriel e Antonella, estimula sua mãe.
         -Vai, mãe! Vai ser bom pro mano!
         -Se Deus quiser tudo vai acabar bem... - fala Otília. Fernanda, Pâmela, Sônia, Bernardo, Daniela, Valdir, Flávio e Sônia se abraçam. CORTA A CENA.

         CENA 5: Rômulo e Lucas estão a tomar o café da manhã quando o telefone de Lucas toca. É Flávio.
         -Fala, Flávio! E aí, alguma novidade?
         -Na verdade, sim. Desculpa não ter ligado antes pra avisar, mas é que foi tudo muito intenso... o sequestro acabou ontem. Vocês não viram nada na TV?
         -Não... o Rõmulo nessa obsessão de terminar de escrever o livro de uma vez não gosta de se distrair com a TV e a gente tem passado direto ouvindo música... mas me conta, Flávio... como foi que acabou? O Leonardo tá preso?
         -Não tá preso. Na verdade ele provavelmente tá morto.
         -Como é que é?
         -Ele se atirou da ponte do rio Guaíba! De carro e tudo!
         -Carro? De quem?
         -Do Matheus. Bem, mas isso não é tudo... o Miguel levou um tiro no peito e tá se recuperando de uma cirurgia delicadíssima e demorada no coração... preferi contar isso pra ti antes porque sei como o Rômulo é amigo do Miguel e sei que tu pode contar pra ele isso com mais jeitinho, até porque eu tou acabado com tudo isso...
         -Nossa... pode deixar que eu aviso sim e a gente vai praí. Beijo, Flávio.
         -Beijo, Lucas.
         Lucas chega a Rômulo com uma expressão triste.
         -Fala, amor! Como é que acabou tudo?
         -O Miguel levou um tiro...
         Rômulo se desespera e é amparado por Lucas. CORTA A CENA.

         CENA 6: Pouco tempo depois, Flávio consegue ir ver Miguel no quarto de UTI.
         -Que susto que tu nos deu, hein Miguel?
         -De novo... - brinca Miguel, ainda bastante fraco.
         -Nem me fala... mas tu superou da outra vez, vai superar dessa também, meu amor...
         -É, mas da outra vez eu não tinha levado uma bala atravessada no peito, né?
         -A tua mãe já... te contou de tudo o que aconteceu?
         -Não contou, amor. Mas eu lembro de quase tudo antes de perder a consciência. O Leonardo fugiu com o carro do Matheus, não foi?
         -Foi. Mas não foi só isso, Miguel.
         -Não?
         -Não temos certeza porque precisamos esperar até amanhã pela manhã, mas é muito provável que o Leonardo tenha morrido de verdade dessa vez.
         -Como?
         -Ele sofreu um acidente. Na realidade, suspeito de que ele tenha cometido suicídio ao ver que não teria como escapar da polícia. O vão móvel da ponte Getúlio Vargas estava elevando pra passagem de um navio e ele despencou da ponte com o carro...
         -Meu Deus! Não quero parecer vingativo, mas espero que dessa vez ele tenha morrido mesmo...    
         -Eu também, meu amor... eu também. Bem, vou te deixar descansar porque o médico disse que não podemos ficar muito perto de ti ainda... te amo.
         -Também te amo. CORTA A CENA.

         CENA 7: Flávio, Sônia, Fernanda e Pâmela, junto com as filhas, Francisca e Murilo, finalmente voltam para casa.
         -Pelo menos agora a gente vai poder ter um pouco de paz pra deitar a cabeça no travesseiro... - fala Fernanda.
         -Nem me fala, maninha... cheguei a pensar o pior tantas vezes! Não quero que vocês pensem que tou sendo insensível, mas se o Leonardo realmente tiver morrido, vou ficar é aliviado!
         -Todos nós vamos, meu filho... - fala Sandra.
         -Bem, não sei quanto a vocês, mas eu tou morta de sono e as crianças parecem estar também. Vamos dormir, porque hoje pelo menos vamos ter um pouco de paz! - fala Pâmela.
         Todos sobem para dormir. CORTA A CENA.

         CENA 8: A noite passa e o dia amanhece. André está se preparando para mais um dia de trabalho antes que Ernestina e Veridiana se acordem. Toma um cafézinho quando ouve o telefone tocar e corre para atendê-lo.
         -Alô? Bom dia, investigador Saldanha! Alguma novidade?
         -Não encontramos nada além do carro nas nossas buscas. Tudo indica que a chance de sobrevivência de um ser humano, numa queda daquela altura, colidindo diretamente na água, é quase nula, de acordo com as informações que colhemos.
         -Sim, mas onde você quer chegar?
         -Levando em conta que já se excedeu o tempo limite para buscas dessa natureza, creio que não tenhamos outra alternativa, a não ser admitir que o foragido em questão...
         -Está morto, não é isso?
         -Exatamente. FIM DO CAPÍTULO 105.

Nenhum comentário:

Postar um comentário